GDF anuncia pacote de medidas para desenvolver polo agro

O penúltimo dia da feira AgroBrasília foi marcado por uma série de anúncios feitos pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, para estimular o desenvolvimento do setor rural, fomentar o agronegócio e atrair novas empresas para o campo. O pacote de medidas inclui incentivos financeiros, ações de preservação ambiental, ampliação de canais de irrigação e melhoria na infraestrutura viária.

Durante a visita à AgroBrasília, Ibaneis Rocha também repercutiu a coletiva de imprensa ocorrida na quinta-feira (23), no Palácio do Buriti, que apresentou os investimentos em saúde nos últimos cinco anos e anunciou a compra de 62 novas ambulâncias, um edital para contratação de novos pediatras, o aumento do número de leitos e a assinatura do contrato para prestação de serviço de 150 médicos anestesiologistas.

Ibaneis Rocha: “Temos tido um olhar importante para a agricultura e pecuária na nossa cidade. Buscamos atuar nessas áreas com conhecimento que vem da pesquisa que é feita” | Fotos: Renato Alves/ Agência Brasília

“Nos últimos dias tivemos muitas notícias na área da saúde no Distrito Federal. Ontem, a nossa secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, o presidente do IgesDF, Juracy Lacerda, e o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, deram uma entrevista coletiva revelando de forma bastante clara o investimento que a gente vem fazendo na área da saúde no Distrito Federal”, pontuou. “A gente espera poder cada vez mais melhorar a saúde no Distrito Federal. A gente vai continuar fazendo esse esforço para melhorar a saúde da nossa cidade”, completou.

Sobre as novas medidas em prol da agricultura e da pecuária, Ibaneis reforçou que o governo, nos últimos anos, apoiou as feiras do agronegócio, criou a Empresa de Regularização Terras Rurais (ETR) e desenvolveu o ecoturismo. “Temos tido um olhar importante para a agricultura e pecuária na nossa cidade. Buscamos atuar nessas áreas com conhecimento que vem da pesquisa”, destacou o governador. “Agora, assinamos alguns decretos e, com certeza, vamos melhorar o ambiente do agronegócio do Distrito Federal”, completou.

Incentivos ambiental e financeiro

O primeiro anúncio foi a assinatura do acordo de cooperação técnica para a implantação do programa Pró-Águas. Ele integra o plano ABC+ da agricultura de baixo carbono, recém-instituído no DF. A expectativa é recuperar mais de 10 mil hectares de áreas degradadas com a recuperação de toda a estrutura.

“Essa é a primeira ação efetiva desse plano e visa fazer a recuperação de solo e água, principalmente nas áreas que temos demandas das reservas legais”, explica o secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Rafael Bueno. Os produtores que aderirem ao programa terão retorno financeiro.

Visando mais segurança hídrica aos produtores da região, o governo assinou a ordem de serviço para iniciar a reforma da bacia hidrográfica do Rio Preto, importante curso para o Distrito Federal, com aporte de mais de R$ 5 milhões. Serão 16,7 km de canais de irrigação tubulares e modernizados e 247 novos tanques construídos.

O governo assinou a ordem de serviço para iniciar a reforma da bacia hidrográfica do Rio Preto, importante curso para o Distrito Federal, com aporte de mais de R$ 5 milhões. Serão 16,7 km de canais de irrigação tubulares e modernizados e 247 novos tanques construídos

Do ponto de vista econômico, o pacote de medidas inclui a ampliação do programa Pró-Rural a partir da assinatura do decreto pelo governador e a entrega das cartas de crédito pelo Banco de Brasília do Fundo Distrital de Desenvolvimento Rural (FDR), que financia projetos de investimento e custeio agropecuários no DF e na Região de Desenvolvimento Integrado (Ride). Foram concedidos os contratos para trigo, milho e feijão, importantes cadeias na área rural do DF.

“Pedi ao Paulo Henrique Costa [presidente do BRB] que tivesse um olhar especial para a agricultura e pecuária e a resposta foi efetiva nessas áreas. Tenho certeza que com esses créditos vamos fazer muito pelo desenvolvimento das áreas rurais do DF”, revelou Ibaneis Rocha.

Já em vigor, o Pró-Rural concede crédito e incentivos ambientais, administrativos, fiscais, econômicos, de infraestrutura e profissionalizantes a produtores rurais reduzindo em até 80% os impostos sobre a comercialização de mercadorias. Com a mudança passam a ser beneficiadas mais culturas: avicultura, fruticultura, aquicultura e silvicultura. “Isso gera força para o produtor rural, incentivando a produção e a agroindustrialização”, reforça o secretário de Agricultura.

Infraestrutura

O Pró-Rural concede crédito e incentivos ambientais, administrativos, fiscais, econômicos, de infraestrutura e profissionalizantes a produtores rurais reduzindo em até 80% os impostos sobre a comercialização de mercadorias

Uma das prioridades do GDF é também melhorar a infraestrutura viária da região. Nesta sexta-feira (24), 1,5 km de pavimento foi inaugurado na BR-251, via marginal de acesso à AgroBrasília. A obra teve investimento de R$ 1 milhão e contou com serviços de terraplanagem e drenagem. Além de atender a feira de agronegócio realizada no Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF), o concreto na rodovia beneficia o comércio local, a escola, a unidade básica de saúde e o Centro de Tradição Gaúcha (CTG).

Em 2021, o governo já havia pavimentado duas faixas de rolamento ao longo de 13,5 km de extensão no PAD-DF, entre o final do trecho 6,5 km até o balão da DF-100. Com investimento de mais de R$ 20 milhões, a ação integrou o programa Caminho das Escolas, que facilita o acesso às unidades de ensino rurais. Agora, serão mais 6,6 km de pavimento na DF-285, entre o km 19 e o km 25,6. A autorização do processo licitatório foi assinada nesta manhã pelo governador.

“A pavimentação da DF-285 é uma promessa que fizemos na campanha. Era a última área de saída do DF que não era asfaltada”, lembrou o governador Ibaneis Rocha.

“Queremos ajudar os produtores para que eles possam produzir e semear preservando as áreas”

Rôney Nemer, presidente do Brasília Ambiental

Serão investidos R$ 13,2 milhões advindos de financiamento do Banco do Brasil. O trecho passará por terraplanagem, instalação de capa asfáltica e meios-fios, drenagem e sinalização horizontal e vertical. Mais de cinco mil condutores terão mais trafegabilidade para transitar no Núcleo Rural Jardim II e seguir viagem até as cidades mineiras de Unaí, Cabeceira Grande, Buriti de Minas e Palmital.

Outra novidade que terá impacto na estrutura é o lançamento do Licenciamento Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC) para agilizar o processo de obtenção de licenças para empreendimentos e atividades rurais garantindo o desenvolvimento sustentável.

“A determinação do nosso governador é que nós, dentro da legalidade, achássemos formas para que as atividades fossem licenciadas de forma ágil e sustentável. Queremos ajudar os produtores para que eles possam produzir e semear preservando as áreas”, defendeu o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer.

A licença permitirá, por exemplo, a retomada da extração do cascalho, importante material para a recuperação das estradas vicinais.

“A liberação do cascalho de forma organizada e sustentável fará com que o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) possa entrar nas vias rurais, porque sabemos da necessidade dos produtores”, acrescentou o presidente do DER, Fauzi Nacfur Junior.

Ao longo da manhã de anúncios, Ibaneis Rocha ainda entregou premiações aos vencedores do Hackathon Agrohack Ideias 2024 que propuseram soluções inovadoras para o agro no DF. As três melhores iniciativas foram contempladas com prêmio em dinheiro. O governador também participou na inauguração da Casa do Produtor Rural, uma iniciativa da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).

Feira

Com a temática ‘O agro do futuro a gente cultiva hoje’, a AgroBrasília espera receber mais de 175 mil visitantes | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

A 15ª edição da AgroBrasília teve início no último dia 21 e segue até este sábado (25), das 8h30 às 18h, no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no PAD-DF. Sob a temática “O agro do futuro a gente cultiva hoje”, a feira espera receber mais de 175 mil visitantes ao longo de cinco dias e movimentar R$ 4,8 bilhões em negócios. São quase 600 expositores espalhados em uma área total de 70 hectares. Os estandes trazem inovações nas mais diferentes áreas da agropecuária, além de soluções técnicas e financeiras para os produtores rurais. A entrada é franca.

Responsável pela organização da feira, a Cooperativa Agropecuária da Região do DF (Coopa-DF) assinou um acordo de cooperação técnica com o GDF nesta manhã. “Essa presença do GDF dentro da feira é muito importante. A AgroBrasília foi feita dentro da parceria com a Emater-DF, que tem nos acompanhado nas 15 edições. Esse ano tivemos uma presença ainda maior do GDF. Quero agradecer ao governo pelo empenho com o nosso segmento”, declarou o presidente Coopa-DF e AgroBrasília, José Guilherme Brenner.

O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Cleison Duval, destacou a importância da feira e do pacote de ações anunciado pelo GDF: “Brasília é agro, 70% do DF é área rural. Essa potência estamos vendo aqui hoje na AgroBrasília. O governador tem dado todo o apoio de infraestrutura e regularização no campo, detalhes importantes que há décadas não eram resolvidos”.

24/05/2024 - GDF anuncia pacote de medidas para desenvolver polo agro do DF

Agro do Quadrado: Safra frutífera do DF cresce em área e em quantidade produzida

Fontes de vitaminas, minerais e fibras, as frutas são essenciais para uma alimentação saudável e equilibrada. No Distrito Federal, a produção frutífera apresentou crescimento de 16,25% nos últimos anos: em 2023, houve a colheita de 37.615 toneladas dos alimentos, ante 32.358 toneladas em 2019. A área plantada também teve acréscimo, indo de 1.421 hectares em 2019 para 2.169 hectares no ano passado, impulsionando o potencial agrícola da capital.

‌Abacate, banana e tangerina são as culturas que apresentaram maior aumento na produção em 2023. A safra do abacate cresceu 21,88% em comparação à de 2021, alcançando 412 hectares plantados e 7.070 toneladas colhidas – equivalente a cerca de 19% da produção total de frutas do DF. Ricos em potássio e nas vitaminas A e C, o alimento é encontrado em 744 propriedades rurais, sendo que a maioria está em Sobradinho, em Brazlândia e no Núcleo Rural Alexandre Gusmão.

Gerlan Fonseca, da Emater, relaciona o crescimento do setor frutífero às condições climáticas e às novidades no manejo do cultivo | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Por sua vez, a banana apresentou alta de 47,28% em comparação a 2019: as quantidades produzidas saltaram de 4.404,78 toneladas para 6.486 toneladas. A alta também é perceptível na área plantada, que passou de 211,761 hectares em 2019 para 356,310 hectares em 2023. Ao todo, o DF reúne 1.156 produtores do alimento, com maior concentração em Sobradinho, São Sebastião, Planaltina e Ceilândia.

A tangerina, também conhecida como mexerica e bergamota, é outra fruta que apresentou aumento nos últimos anos. A produção do alimento passou de 1.870,96 toneladas em 2019 para 3.136 toneladas em 2023, um aumento de 67,70%. A elevação na produtividade acompanha o aumento de produtores do fruto, que em 2021 eram 269 e este ano são 389. Gama e São Sebastião reúnem a maior parte das propriedades que cultivam o alimento.

O regime pluviométrico e a temperatura, combinados com técnicas de adução e manejo, resultaram no aumento da produção, sobretudo da banana

Os dados foram obtidos nas edições do Relatório de Informações Agropecuárias da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF). É por meio das ações do órgão que o Governo do Distrito Federal (GDF) oferece apoio técnico e tecnológico aos produtores, com assistência no dia a dia da propriedade, oficinas, cursos, excursões e até projetos de financiamento para aquisição de produtos, terras e maquinários.

“Estamos à disposição para orientar o produtor com toda a parte de plantio, instalação da cultura e acompanhamento nas demais fases de produção, como o controle de pragas, de doenças, até a pós-colheita e venda. Conseguimos orientar o produtor e inseri-lo no mercado, para participar das compras governamentais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa de Alimentação Escolar (PNAE)”, explica o técnico da Emater, lotado no escritório de Sobradinho, Gerlan Fonseca.

Fonseca relaciona o crescimento do setor frutífero às condições climáticas e às novidades no manejo do cultivo. Segundo ele, o regime pluviométrico e a temperatura, combinados com técnicas de adução e manejo, resultaram no aumento da produção, sobretudo da banana. “O ano passado foi muito positivo em termos de clima. Como a banana não é um produto viajado, ou seja, não vem de outras regiões do Brasil, mas sim aqui do DF mesmo, o alimento é colhido e entregue ao mercado, ou feira, no mesmo dia”.

Segundo o técnico da Emater, o crescimento do setor está diretamente conectado à prosperidade dos produtores rurais. “É prova de que o trabalho deles e a aplicação de tecnologia no cultivo, seja na irrigação, seja no controle de pragas e até na escolha de mudas de qualidade, estão dando resultado. A tecnologia ajuda a reduzir custos e aumentar a qualidade do produto que chega na mesa do consumidor”, destaca.

Esforço e cuidado

Wellington Rodrigues planta três tipos de banana em cerca de 1,1 hectare de área em Sobradinho

O apoio da Emater-DF foi essencial para o desenvolvimento da propriedade rural do produtor Wellington Rodrigues, 46 anos. Nascido em Minas Gerais, ele chegou a Sobradinho em 1994 junto à mãe e aos oito irmãos. Em 2005, conseguiu adquirir uma área na Fercal e iniciou os plantios. Nos primeiros anos, dedicou-se inteiramente à mandioca, mas, a partir de 2016, abriu espaço para uma nova cultura: a banana.

Arte: Agência Brasília

Os dois alimentos têm ciclos e exigências nutricionais diferentes, por tanto, podem compartilhar o mesmo espaço de plantio. Para que o modelo de cultivo dê certo, é necessário atenção redobrada à irrigação e adubação – exigências com que Wellington aprendeu a lidar graças ao suporte da Emater-DF. “Eles estão junto com a gente desde o início, em 1994, sempre nos auxiliando em tudo que precisamos. Tudo que aprendi foi eles que ensinaram”, conta ele.

“É muito satisfatório saber que o que produzimos está chegando às pessoas – e que estão comendo algo gostoso e de qualidade”

Wellington Rodrigues, produtor de banana e mandioca

Wellington planta três tipos de banana – prata-anã, nanica e da terra – em cerca de 1,1 hectare de área. Os alimentos são destinados ao Programa de Aquisição de Alimentos e a feiras e mercados de Sobradinho e Fercal. Devido à proximidade entre produtor e consumidor, a colheita pode ser feita com maior nível de maturidade, o que favorece o sabor e a qualidade do fruto.

“Costumo dizer que se a gente tiver dez caixas é ruim de vender. O bom é vender de 100 para cima, porque todo mundo quer das nossas bananas. Como entregamos para locais aqui perto, podemos colher no tempo certo, sem risco de amadurecer antes de chegar no mercado ou na feira. Quem está a mil quilômetros de distância não consegue, precisa colher a banana mais verde, para amadurecer no caminho”, explica Wellington. “É muito satisfatório saber que o que produzimos está chegando às pessoas – e que estão comendo algo gostoso e de qualidade”, celebra ele.

Benefício social

Madalena Ripardo comemora auxílios sociais como o Cartão Prato Cheio

Para que as frutas, verduras e legumes desenvolvidos em solo brasiliense cheguem à mesa dos cidadãos, o Governo do Distrito Federal (GDF) criou o Cartão Prato Cheio. O benefício social foi lançado em maio de 2020, para levar segurança alimentar e nutricional para a população em situação de vulnerabilidade, e foi instituído como programa de Estado, garantindo recursos independentemente de mudança de governo. Mais de 500 mil famílias já foram beneficiadas, algumas delas em mais de um ciclo. O auxílio de R$ 250 é pago mensalmente por nove meses.

Com o Cartão Prato Cheio, a dona de casa Madalena Ripardo, 28 anos, consegue enriquecer o cardápio da família e comprar as frutas preferidas dos filhos, os pequenos João Pedro, 4, e Noah Ravi, 2. “Eles gostam muito de banana e abacate. Mas, como estou desempregada, o dinheiro que consigo fazendo bicos dá para comprar só arroz e feijão. Agora, com o Prato Cheio, as coisas melhoraram muito, vou ao mercado e pego coisas que sei que eles gostam”, afirma.

O benefício foi apresentado a ela em um atendimento no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Ceilândia. “Na primeira parcela, meu (filho) mais velho foi comigo ao mercado e perguntou se podia comprar uma fruta. Fiquei tão feliz em dizer que sim, que podíamos comprar o que ele queria. É uma ajuda muito grande”, desabafa Madalena, que é cearense e chegou ao DF em 2017. Madalena recebe o Cartão Material Escolar, que auxilia na aquisição de itens escolares para o filho mais velho.

23/05/2024 - Agro do Quadrado: Safra frutífera do DF cresce em área e em quantidade produzida